sábado, 27 de fevereiro de 2010

GLOBO PÕE JOGOS DE INVERNO NA GELADEIRA

Do Blog do Provocador . O que mais a Globo esconde? .
Inúmeros colegas da imprensa já deram o recado: a audiência dos Jogos Olímpicos de Inverno foi surpreendente. Quem achava que a Record ia entrar numa fria se deu mal. O povo não é bobo. É capaz de ligar seu televisor para conhecer e se encantar com novidades. O brasileiro é curioso e tem bom gosto. Não é o estúpido que alguns barões da mídia acham. O que me interessa discutir aqui não são as estranhas regras do curling ou do skeleton, mas as entranhas de outro jogo. O de esconde-esconde. Não aquele da infância de todos nós. Mas a brincadeira que a Globo faz com seus telespectadores. A Velha Senhora detinha os direitos de transmissão dos Jogos de Inverno há anos. Mas o escondeu de todos nós. Pagou para não exibir. Nem deixar que outros exibissem. Encastelada no Jardim Botânico, decidiu o que uma nação gostaria ou não de acompanhar. Talvez porque nos julgue estúpidos demais. Mas tão estúpidos que a Globo resolveu simplesmente ignorar os Jogos de Vancouver. Não deram um segundo sequer sobre esse fenômeno que tomou conta das nossas telinhas. Esconderam de novo! Em resposta ao Estadão, que no último dia 19 publicou a pergunta óbvia (por que vocês não falaram dos Jogos de Inverno?), veio a arrogância. Descreve o jornal: “a emissora alega que não falou sobre o evento porque não viu fato ‘relevante’ (um competidor morreu em uma prova), não possui os direitos de transmissão – que foram da Globo até 2006 e agora são da Record – e porque não possui ninguém de sua equipe lá cobrindo. Opa: e a turma do Sportv?”, conclui a colunista Keila Gimenez. Traduzindo: em 2006 foram realizados os Jogos de Inverno de Turim, na Itália. Lembra? Não, ninguém pode lembrar, só os executivos mestres globais. A morte do atleta georgiano, no luge, foi tão irrelevante que a imprensa mundial noticiou. Sobre a turma do Sportv, eles são da Globo, estão lá, dividem a cobertura de inúmeros outros eventos, vivem usando microfone com o logotipo das duas emissoras, mas neste caso… e agências de notícias? Coitada, a Globo não deve assinar nenhuma delas. Esse esconderijo platinado é bem amplo, nele cabe um montão de coisas. Nesse esconde-esconde, ficamos sem ver as Diretas Já. Esconderam mais de um milhão de pessoas no comício do Anhangabaú. O Lula só apareceu quando virou presidente da República. Aí não dava mais pra esconder. Leonel Brizola e Luís Carlos Prestes não tiveram a mesma sorte. Sumiram. Precisaram morrer para aparecer. Aí já era tarde. Só de uma coisa eu não reclamo. A Glória Maria pode continuar escondida. A Globo, pensando bem, escondeu o quanto pode a história do Brasil. Quem estudar nosso país pelos arquivos do Jornal Nacional nem vai saber que houve uma ditadura militar. Por isso, temos que torcer para que a concorrência aumente. Para que não haja líder absoluto, concentração de poder, esconderijos.
Aí, sim, a Velha Senhora vai ter que se esconder. De vergonha.
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POR OUTRO LADO...
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Do blog de Luis Nassif
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Querido menino Nassif;
Este é meu primeiro comentário aqui, mas já venho com bronca. Minha filha falou que é melhor eu escrever aqui a ter pressão alta em meus 90 anos. Acontece que está insuportável a transmissão da Olimpíada de Inverno pela Record. Nassif, eles estão mentindo desde o começo. Não estão transmitindo ao vivo coisa nenhuma, principalmente as provas de que mais gosto, a patinação no gelo. Imagine, meu filho, que eles anunciam a cada momento “a seguir a patinação no gelo, valendo medalha”; “a seguir, inédito, a patinação no gelo, vamos saber quem ganhou medalhas”, “às 14:30, não perca, INÉDITO, a patinação no gelo”… e assim por diante. Só que as apresentações foram há muito tempo, pelo menos 24 horas antes. Eles estão apenas reprisando mas fazem parecer que estão ao vivo. O mesmo acontece na Record News, no horário que poderiam mostrar ao vivo ficam passando coisas da igreja lá deles, depois reprisam. Ou ainda pior, eles começam a transmitir e na hora da limpeza do gelo mudam de esporte e nunca mais voltam. Para quem não tem TV a cabo ou Internet fica parecendo que é tudo verdade. Mas eu tenho os dois, às 2 da manhã de hoje já se sabia quais meninas haviam ganhado as medalhas. Imediatamente os resultados já estavam no site da Olimpíada, como pode se ver em http://www.vancouver2010.com/olympic-figure-skating/schedule-and-results/ladies-free-skating_fsw010101pB.html A melhor transmissão a cabo é da SportTv, concorrente da Record. Foi nesse canal que assisti sempre, até porque o comentarista da Record só fala ” a fulana é sensacional, e não é pra menos…” e continua a frase com algo completamente sem nexo; esse “e não é pra menos” é uma loucura, repete, repete… Depois, ele grita muito também, não entendo o motivo. Também repete uma outra coisa que agora não me recordo. Creio que isto está errado, muito errado. Estão enganando o público. Já cansei de explicar para minhas amigas, tão velhas quanto eu, que aquilo não é ao vivo. Daí elas me telefonam e perguntam “você está assistindo? Tão lindas, mas por que não mudaram as roupas ou as músicas?” É isso, menino Nassif. Gostaria de começar aqui de maneira melhor, mas não foi possível. Quem sabe na próxima.
Soube o que te aconteceu ontem e quero te dizer que não se preocupe. Tua vitória ao final será ainda mais saborosa, meu filho. Estou rezando por você sempre. Agora chega que minha filha disse que vai me arrancar o teclado; como sou visita aqui, obedeço. Ela é muito brava, essa menina.
Grande beijo, meu filho.
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(ass: a mãe da NaMaria)

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

FOGAÇA: NUNCA UM PREFEITO NÃO FEZ TANTO

Envolvido em uma falcatrua de mais de 9,5 milhões de reais, o prefeito de Porto Alegre agora tem uma nova sarna para se coçar .
Se você leu o que publicamos aqui há um mês, já sabe que o prefeito de Porto Alegre, José Fogaça (PMDB), está envolvido até o pescoço em uma milionária bandalheira, que desviou da Saúde da cidade mais de 9,5 milhões de reais.
Agora, vem à tona algo igualmente estarrecedor: no ano passado, Fogaça utilizou menos de 20% dos recursos que recebeu do governo federal para o combate a AIDS. Para quem não sabe, Porto Alegre, estatisticamente, é o município com a maior incidência da doença no Brasil. Estas - e outras - informações foram apresentadas nesta quinta-feira (25) pela coordenadora do Departamento de Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Mariângela Batista Galvão Simão, na audiência promovida pela Frente Parlamentar de Luta contra as DST, HIV e AIDS da Câmara Municipal de Porto Alegre. Acredite: enquanto há pessoas morrendo por causa da moléstia, o governo de José Fogaça não está utilizando o saldo de mais de R$ 2 milhões que possui no Fundo Nacional de Saúde destinados ao tratamento dos pacientes. Durante 23 meses de repasses, a prefeitura aplicou, em 2009, apenas R$ 504 mil. O mesmo que nada. Para se inteirar do escárnio e da desídia de José Fogaça, vá direto ao blog da Sofia Cavedon. E não esqueça que o homem quer ser o próximo governador do Rio Grande do Sul.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

ESTAMOS PEDINDO AJUDA AOS UNIVERSITÁRIOS

. De uma hora para outra, sem que encontrássemos o motivo, os que visitam este Cloaca News utilizando o navegador Internet Explorer não estão visualizando nossa barra lateral. Na verdade, a barra foi parar lá embaixo, após a última postagem desta página. Isso não se observa quando o navegador é o Firefox; com ele, a nossa barra lateral segue sendo visualizada à direita das postagens. Alguém aí, por favor, poderia nos dar uma explicação para o estranho fenômeno? Desde já, agradecemos.
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ATUALIZAÇÃO - 18:30H
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Eureka!!! Problema resolvido. Nosso agradecimento aos "universitários".

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

CATINGA DE LIXÃO

O tabloide Zero Hora, aquele que cultiva fontes fidedignas dentro de recipientes de lixo, cumpre, na edição desta quarta-feira, 24, sua sina de aterro sanitário do jornalismo. Além do tolete acima, obrado pela "mais importante colunista de Política do RS", a xexelenta gazetinha da Famiglia Sirotsky cuidou de reciclar os dejetos da Folha de S.Paulo também em forma de notícia de página inteira. Pior: transformou a palhaçada em Editorial, assinando seu atestado de velhacaria. Os Al Capones da Notícia sequer tiveram a esperteza de verificar que o factoide já estava incinerado pela verdade desde a véspera, como atestam as postagens do blog de Luis Nassif, "repercutidas" pelo RS Urgente.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

GRANDES MOMENTOS DA BLOGOSFERA - CURSO RÁPIDO DE ANÁLISE SINTÁTICO

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Filho da puta é adjunto adnominal (ou paronomástico), se for "conheci um juiz filho da puta".
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Se for "o juiz é um filho da puta", daí é predicativo.
. Agora, se for "esse filho da puta é um juiz", daí é sujeito.
. Porém, se o cara aponta uma arma para a testa do juiz e diz: "Agora nega a liminar, filho da puta!" - daí é vocativo.
. Finalmente, se for: "O ex-juiz Nicolau dos Santos Neto, aquele filho da puta, desviou o dinheiro da obra pública tal" - daí é aposto.
. Que língua, a nossa, não?
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Exarado por Cristóvão Feil, titular do Diário Gauche.
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Na foto, um juiz (substantivo).

domingo, 21 de fevereiro de 2010

SERRA, O DELETÉRIO

Do blog de Luis Nassif: . Por que José Serra vacila tanto em anunciar-se candidato? .
Para quem acompanha a política paulista com olhos de observador e tem contatos com aliados atuais e ex-aliados de Serra, a razão é simples. Seu cálculo político era o seguinte: se perde as eleições para presidente, acaba sua carreira política; se se lança candidato a governador, mas o PSDB consegue emplacar o candidato a presidente, perde o partido para o aliado. Em qualquer hipótese, iria para o aposentadoria ou para segundo plano. Para ele só interessava uma das seguintes alternativas: ele presidente ou; ele governador e alguém do PT presidente. Ou o PSDB dava certo com ele; ou que explodisse, sem ele. Esta foi a lógica que (des)orientou sua (in)decisão e que levou o partido a esse abraço de afogado. A ideia era enrolar até a convenção, lá analisar o que lhe fosse melhor. De lá para cá, muita água rolou. Agora, as alternativas são as seguintes: 1. O xeque que recebeu de Aécio Neves (anunciando a saída da disputa para candidato a presidente) demoliu a estratégia inicial de Serra. Agora, se desiste da presidência e sai candidato a governador, leva a pecha de medroso e de sujeito que sacrificou o partido em nome de seus interesses pessoais. 2. Se sai candidato a presidente, no dia seguinte o serrismo acaba.
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O balanço que virá
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O clima eleitoral de hoje, mais o poder remanescente de Serra, dificulta a avaliação isenta do seu governo. Esse quadro – que vou traçar agora – será de consenso no ano que vem, quando começar o balanço isento do seu governo, sem as paixões eleitorais e sem a obrigatoriedade da velha mídia de criar o seu campeão a fórceps. Aí se verá com mais clareza a falta de gestão, a ausência total do governador do dia-a-dia da administração (a não ser para inaugurações), a perda de controle sobre os esquemas de caixinha política. Hoje em dia, a liderança de Serra sobre seu governo é próxima a zero. Ele mantém o partido unido e a administração calada pelo medo, não pelas ideias ou pela liderança. Há mágoas profundas do covismo, mágoas dos aliados do DEM – pela maneira como deserdou Kassab – -, afastamento daqueles que poderiam ser chamados de serristas históricos – um grupo de técnicos de alto nível que, quando sobreveio a inércia do período FHC-Malan, julgou que Serra poderia ser o receptador de ideias modernizantes. Outro dia almocei com um grande empresário, aliado de primeira hora de Serra. Cauteloso, leal, não avançou em críticas contra Serra. Ouviu as minhas e ponderou uma explicação que vale para todos, políticos, homens de negócio e pensadores: “As ideias têm que levar em conta a mudança das circunstâncias e do país”. Serra foi moderno quando parlamentar porque, em um período de desastre fiscal focou seu trabalho na responsabilidade fiscal. No governo paulista, não conseguiu levantar uma bandeira modernizadora sequer. Pior: não percebeu que os novos tempos exigiam um compromisso férreo com o bem estar do cidadão e a inclusão social. Continuou preso ao modelito do administrador frio, ao mesmo tempo em que comprometia o aparato regulatório do Estado com concessões descabidas a concessionárias.O castigo veio a cavalo. A decisão de desviar todos os recursos para o Rodoanel provocou o segundo maior desastre coletivo da moderna história do país, produzido por erros de gestão: o alagamento de São Paulo devido à interrupção das obras de desassoreamento do rio Tietê. O primeiro foi o “apagão” do governo FHC.
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O fim das ideias
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O Serra que emergiu governador decepcionou aliados históricos. Mostrou-se ausente da administração estadual, sem escrúpulos quando tornou-se o principal alimentador do macartismo virulento da velha mídia – usando a Veja e a Folha – e dos barra-pesadas do Congresso. Quando abriu mão dos quadros técnicos, perdeu o pé das ideias. Havia meia dúzia de intelectuais que o abastecia com ideias modernizantes. Sem eles, sua única manifestação “intelectual” foi o artigo para a Folha criticando a posição do Brasil em relação ao Irã – repetindo argumentos do seu blogueiro -, um horror para quem o imaginava um intelectual refinado. É bobagem taxar o PSDB histórico de golpista. Na origem, o partido conseguiu aglutinar quadros técnicos de alto nível, de pensamento de centro-esquerda e legalistas por excelência. E uma classe média que também combateu a ditadura, mas avessa a radicalizações ideológicas. Ao encampar o estilo Maluf – virulência ideológica (através de seus comandados na mídia), insensibilidade social, (falsa) imagem de administrador frio e insensível, ênfase apenas nas obras de grande visibilidade, desinteresse em relação a temas centrais, como educação e segurança – Serra destruiu a solidariedade partidária criada duramente por lideranças como Mário Covas, Franco Montoro e Sérgio Motta. Quadros acadêmicos do PSDB, de alto nível, praticamente abandonaram o sonho de modernizar a política e ou voltaram para a Universidade ou para organizações civis que lhe abriram espaço.
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O personalismo exacerbado
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Principalmente, chamaram a atenção dois vícios seus, ambos frutos de um personalismo exacerbado – para o qual tantas e tantas vezes FHC tinha alertado. O primeiro, a tendência de chamar a si todos os méritos, não admitir críticas e tratar todos subordinados com desprezo, inclusive proibindo a qualquer secretário sequer mostrar seu trabalho. Principalmente, a de exigir a cabeça de jornalistas que o criticavam. O mal-estar na administração é geral. Em vez de um Estadista, passaram a ser comandados por um chefe de repartição que não admite o brilho de ninguém, nem lhes dá reconhecimento, não é eficiente e só joga para a torcida. O segundo, a deslealdade. Duvido que exista no governo Serra qualquer estrela com luz própria que lhe deva lealdade. A estratégia política de FHC e Lula sempre foi a de agregar, aparar resistências, afagar o ego de aliados. A de Serra foi a do conflito maximizado não por posições políticas, mas pelo ego transtornado. O uso do blogueiro terceirizado da Veja para ataques descabidos (pela virulência) contra Geraldo Alckmin, Chalita, Aécio, deixou marcas profundas no próprio partido. Alckmin não lhe deve lealdade, assim como Aloizio Nunes – que está sendo rifado por Serra. Alberto Goldmann deve? Praticamente desapareceu sob o personalismo de Serra, assim como Guilherme Afif e Lair Krähenbühl – sujeito de tão bom nível que conseguiu produzir das poucas coisas decentes do malufismo e não se sujar. No interior, há uma leva enorme de prefeitos esperando o último sopro de Serra para desvencilhar-se da presença incômoda do governador. O que segura o serrismo, hoje em dia, é apenas o temor do espírito vingativo de Serra. E um grupo de pessoas que será varrido da vida pública com sua derrota por absoluta falta de opção. Mas que chora amargamente a aposta na pessoa errada. Aliás, se Aécio Neves for esperto (e é), tratará de resgatar esses quadros para o partido. Saindo candidato a presidente e ficando claro que não terá chance de vitória, o PSDB paulista se bandeará na hora para o novo rei. Pelas possibilidades eleitorais, será Alckmin, político limitado, sem fôlego para inaugurar uma nova era. Por outro lado, o PT paulista também não logrou se renovar, abrir espaço para novos quadros, para novas propostas. Continua prisioneiro da polarização virulenta com o PSDB, sem ter conseguido desenvolver um discurso novo ou arregimentado novas alianças. O resultado final será o fim da era paulista na política nacional, um modelo que se sustentou décadas graças ao movimento das diretas e à aliança com a velha mídia. Acaba em um momento histórico, em que o desenvolvimento se interioriza e o monopólio da opinião começa a cair.A história explica grande parte desse fim de período. Mas o desmonte teria sido menos traumático se conduzido por uma liderança menos deletéria que a de Serra.