Um batedor de chapas, com carteirinha de repórter fotográfico, obteve da Justiça, ainda em primeira instância, o direito de não ser identificado pela alcunha com que é conhecido até mesmo no local em que trabalha. Com a sentença judicial, Ronaldo Bernardi - ou Fotonaldo, como o chamam seus amigos - obrigou o Professor Wladimir Ungaretti a retirar de seu website Ponto de Vista e do blog homônimo qualquer alusão à sua pessoa e à sua obra "fotojornalística".
Ungaretti, que dá aulas de Jornalismo na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, notabilizou-se, entre outras virtudes, por desenredar as tramóias da imprensa diária, particularmente as perpetradas pelo tablóide gaúcho Zero Hora, do Grupo RBS (afiliado da Globo). Sua crítica ao jornalismo, porém, sempre foi didactológica, jamais ultrapassando os limites da civilidade, a despeito do tom irônico de suas opiniões.
Ocorre que o Professor, sucessivas vezes, desmontou, de maneira cabal, inúmeras farsas fotográficas do lambe-lambe publicadas no jornalzinho. Entre as imposturas fotonaldianas, as mais comuns seriam os "flagrantes produzidos", cenas montadas para legitimar certas "notícias" de interesse da corporação midiática. Pela contumácia dessas práticas espurcas, alguns adjetivos acabaram ganhando relevância diretamente proporcional. É o caso do epíteto "cascateiro". Segundo Pai Aurélio, "diz-se de, ou aquele que diz ou escreve cascata". E, no jargão do Jornalismo, cascata é "matéria inconsistente, retórica, sem fatos, e geralmente longa".
Parece-nos que o queixoso não ousou contestar esta pecha judicialmente. Preferiu ocupar o tempo dos magistrados com uma querela antonomásia. Cascateiro, sim; Fotonaldo, jamais!!!
Retirar todas as menções feitas ao dito cujo das páginas do Ponto de Vista custaria ao Professor Ungaretti um tempo e uma paciência de que, parece, ele não dispõe. Por isso mesmo, para atender à decisão da Corte, o Mestre achou por bem retirar de circulação todo o conteúdo de seus sítios eletrônicos. Confira aqui e aqui.
A blogosfera que não tem medo de cara feia está mobilizada em solidariedade a Wladimir Ungaretti. De outra parte, a mídia sabuja e lambeteira não solta um pio a respeito desse atentado à liberdade de expressão.
Entre todas as manifestações que já lemos, de apoio ao Professor, nenhuma nos tocou mais que a escrita por Ariela Boaventura, do blog Bovinenses. Um verdadeiro libelo contra a estupidez, que você poderá conferir clicando aqui.
sábado, 28 de março de 2009
sexta-feira, 27 de março de 2009
E AÍ? BELEZA?
Deputada gaúcha do PC do B concorre ao título de "política mais linda do mundo" em site espanhol
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A deputada federal Manuela D'Ávila (PCdoB-RS) figura entre as indicadas na competição para escolher a mais bela parlamentar do planeta. A lista encontra-se abrigada no site espanhol 20 Minutos. Até o momento, a namorada do deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) soma 13.626 pontos e encontra-se na 17ª posição. A congressista peruana Luciana Milagros León Romero lidera o prélio das beldades. A presidenta da República Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, e a Secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, também estão na parada.
O concurso é meramente estético e não leva em consideração, por exemplo, as alianças políticas das belezocas. Nas últimas eleições municipais em Porto Alegre, Manuela amarrou sua candidatura a nada menos que o PPS, carregando como vice em sua chapa o deputado Berfran Rosado, atual Secretário de Meio Ambiente do governo supostamente corrupto de Yeda Crusius.
Para conhecer as concorrentes e - quem sabe - dar seu voto, clique aqui.
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ATUALIZAÇÃO - Sábado - 01:20h
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Manuela saltou para a terceira posição, com 39.834 pontos.
quinta-feira, 26 de março de 2009
Crônica de uma censura anunciada
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Por Leandro Fortes
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Deixa ver se eu entendi. O diretor da TV Câmara, Manuel Roberto Seabra, em entrevista ao site “Comunique-se”, afirma que “assessores” do ministro Gilmar Mendes, presidente do STF, reclamaram do conteúdo do programa “Comitê de Imprensa”, do qual participei como convidado, para falar das investigações contra o delegado Protógenes Queiroz, da Polícia Federal, com base em uma reportagem da revista Veja. Ele afirma ter recebido “muitas reclamações” (dos assessores de Gilmar Mendes?) sobre a “matéria”. Era um programa de debates. Eu não entendo muito de televisão, mas sei diferenciar um programa de debate de uma matéria. Mas vamos adiante, porque a coisa ainda vai desandar mais.
A “matéria”, segundo Seabra, “teria sido ofensiva” ao ministro Gilmar Mendes e, mais grave ainda, “saía do tema”. Primeiro, eu gostaria de saber com que autoridade o diretor da TV Câmara, funcionário de uma emissora pública, paga pelo contribuinte, ordena a retirada do ar de um programa de debate por que o conteúdo das falas, de inteira responsabilidade de quem as pronuncia, “teria” sido ofensivo a quem quer que seja. Que diabos é isso? Um roteiro do mundo bizarro ou um conto de Lewis Caroll? Ainda que eu tivesse xingado o presidente do STF, o que não ocorreu, não caberia ao senhor Manuel Seabra determinar um ato de censura, assim, ao bel prazer. E a tal “tentativa de responder a isso”? Prestem atenção: queriam inserir entrevistas de Gilmar Mendes e de um “representante da CPI dos Grampos”, a título de direito de resposta... num programa de debate! Como não conseguiram tal proeza, optaram em colocar novamente o programa no ar. Entenderam?
Eu explico, me acompanhem: o diretor da TV Câmara recebeu uma reclamação de “assessores” do ministro Gilmar Mendes (na verdade, a reclamação foi ao presidente da Câmara dos Deputados, deputado Michel Temer). Em seguida, envergonhado por não ter o outro lado, ele decidiu tirar o programa do ar e retirar o link do site da internet. Na verdade, extirpar, porque nem nos arquivos da página ele podia ser encontrado. Exatamente como faziam os stalinistas, nas fotos oficiais da extinta URSS, quando os camaradas dissidentes caíam em desgraça. Nesse ínterim, entre os dias 16 e 24 de março, Manuel Seabra tentou, em vão, entrevistar Gilmar Mendes e um representante da CPI dos Grampos. Eis um detalhe curioso: os repórteres da TV Câmara não conseguiram entrevistar o presidente do STF, que dá meia dúzia de entrevistas por semana, e, mais incrível ainda, NENHUM deputado da CPI dos Grampos! Diante de tal quadro de desolação, Manuel Seabra decidiu, então, recolocar o link no site. Vencido, pois, pelo cansaço.
Inacreditável, vale ressaltar, foi a evolução das versões. No dia 19 de março, instado pelo jornalista Paulo Henrique Amorim, o assessor de imprensa do deputado Michel Temer, Márcio Freitas, negou qualquer participação da presidência da Câmara na censura. Argumentou que o programa entrou numa fila, foi seis vezes ao ar e depois foi retirado para dar lugar a outros programas. Nonsense total. Essa regra não existe, nunca existiu. Além disso, o assessor nada falou sobre a retirada do link. Depois, uma funcionária da TV Câmara afirmou que o link foi retirado do ar por conta de um defeito técnico. Aliás, um defeito muito peculiar, porque só atingiu um link do site inteiro – o do debate do qual participei. Não colou. No dia 24 de março, foi a vez do Secretário de Comunicação da Câmara, Sérgio Chacon, emitir uma nota dizendo que o programa foi exibido “cinco vezes” (jornalista é ruim de conta mesmo) e que não houve pressão “de quem quer que seja” para interromper a exibição. Como assim? E os “assessores” (são quantos, afinal?) do ministro Gilmar Mendes??
A entrevista do senhor Manuel Seabra, como qualquer estudante de jornalismo pode perceber, é um ato de confissão: Gilmar Mendes mandou tirar o programa “Comitê de Imprensa” do ar e extirpar o link do site. A alegação de que houve ofensas pessoais é risível, senão patética, porque, mesmo durante o período da censura, diversos blogs veicularam o programa para milhões de internautas, alheios ao devaneio da direção da TV Câmara. No vídeo, atualmente com mais de 10 mil exibições registradas em apenas um dos links do “YouTube”, não há uma única ofensa a ninguém. Sobre Gilmar Mendes, me referi, dentro do contexto da Operação Satiagraha (logo, dentro do tema “Protógenes Queiroz”), sobre o profundo desequilíbrio da cobertura da mídia, quase toda voltada para fixar no delegado a pecha de fanático por grampos ilegais (sem uma única prova) e lustrar a imagem do presidente do STF como paladino do Estado Democrático de Direito. Citei, ainda, o fato de Mendes estar me processando, e à CartaCapital, por conta de uma matéria – absolutamente jornalística – sobre o Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), do qual o ministro é sócio. Trata-se de instituição construída com dinheiro do Banco do Brasil, em terreno praticamente doado pelo governo do Distrito Federal e com contratos de mais de 2 milhões de reais firmados, sem licitação, com órgãos públicos e tribunais. Onde está a ofensa nisso?
O que ofende a todos nós, jornalistas, é essa tentativa primária de encerrar um assunto gravíssimo, baseado em prova documental (as imagens do site com e sem o link censurado), a partir de uma defesa confusa, contraditória e tardia, elaborada sem o menor compromisso com o jornalismo, a ética e a boa educação. Leio, estarrecido, que por causa desse episódio, a TV Câmara pretende “reformular” o programa “Comitê de Imprensa”, até então considerado um fórum plural e democrático de discussão entre jornalistas de diversos veículos, pensamentos e opiniões. Segundo Manuel Seabra, o programa terá pautas “mais fechadas”, seja lá o que isso signifique. E os apresentadores (quais? Não era só um?) estarão avisados “para evitar novos ataques pessoais”. Só pode ser piada. O que farão os apresentadores? Darão choques elétricos nos entrevistados? Vão acionar aquele “piiii!” usado para camuflar os palavrões proferidos pelos participantes do Big Brother Brasil?
Mesmo o mais foca dos estagiários sabe o que vai acontecer, de fato: censura prévia. Aos entrevistados, aos temas, ao programa. Algo me diz que o “Comitê de Imprensa” subiu no telhado.
Reitero, pois, meu pedido à Associação Brasileira de Imprensa (ABI), à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e ao Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal para que abracem essa causa, não em meu nome, mas de todos os jornalistas e cidadãos brasileiros, cerceados, estes, no seu direito de ter acesso a informação pública em uma emissora do Congresso Nacional, custeada pelo contribuinte. Não é pouca coisa. O Sindicato dos Jornalistas do DF abriu uma investigação pelo Comitê de Ética para apurar os fatos. Apuração, aliás, facílima. Matéria pronta, eu diria.
E viva a liberdade de expressão.
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Leandro Fortes - Jornalista
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.Brasília, 25 de março de 2009
O VERDADEIRO PROBLEMA DE YEDA CRUSIUS
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A melíflua jornalista Rosane de Oliveira, editora de Política e colunista idem do tablóide Zero Hora brindou sua legião de admiradores com mais um de seus favos xaroposos. Seu extraordinário e contagiante carisma, desta vez, foi suplantado pela agudeza da avaliação que fez sobre os números da governadora tucana Yeda Crusius apresentados ontem pelo Datafolha.
Em um vídeo de dois minutos e pouco, colado em seu blog corporativo, a abelha-rainha do Jornalismo afirmou, peremptoriamente, que a desastrosa nota 4,3 conferida à governante dos gaúchos deveu-se a "um problema de comunicação". Segundo a colunista, "Yeda tem dificuldade de se comunicar com os eleitores". Nada a ver, portanto, com a roubalheira no Detran, o sucateamento do Estado, a casa nova, a maquiagem contábil do "deficit zero", as surras de cassetete no funcionalismo, o "suicídio" do assessor em Brasília ou a arapongagem criminosa.
Curiosamente, nas últimas semanas, a mesma Rosane vinha exibindo uma radiosa satisfação com o "desempenho" de Yeda, principalmente depois que o Piratini liberou uma verba de..."comunicação".
Você, cara leitora, caro leitor, diria que, diante do fiasco da tucana no Datafolha, a RBS falhou na "comunicação"? Ou será que a jornalista está passando um recadinho para o governo estadual, sugerindo "flexibilizar" o numerário?
Assista ao vídeo clicando aqui.
quarta-feira, 25 de março de 2009
TUCANA NO BICO DO CORVO
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Pior governante do Brasil, Yeda Crusius já sente um bafo diferente em seu fidalgo cangote
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Pesquisa Datafolha divulgada nesta quarta-feira aponta que a tucana Yeda Crusius teve a pior avaliação entre todos os governadores brasileiros. Com "popularidade" estimada em 49%, sua nota ficou em 4,3.
Nenhuma surpresa, convenhamos. Com uma administração marcada por arroubos fascistas, sucateamento da Educação, depreciação da Saúde, menoscabo à Segurança, desvios milionários no Detran, compra de casa com dinheiro de campanha, engodos contábeis e, agora, até espionagem criminosa (não vamos incluir nesse rol o cadáver do "embaixador" gaúcho em Brasília), a inquilina do Palácio Piratini sobrevive graças aos seus sabujos da mídia local, devidamente alimentados com as generosas verbas "de comunicação" do estado.
Seu partido pelintrão faz a parte que lhe cabe: reunida ontem, a Executiva estadual do PSDB, por decisão unânime, expulsou o ex-ouvidor da Segurança Pública Adão Paiani. Justamente o cidadão que denunciou o uso do sistema de escutas da Secretaria de Segurança Pública, o Guardião, para fins de extorsão política.
Na Assembléia Legislativa, a bancada oposicionista - salvo honrosas exceções - anda plácida demais para o nosso gosto. Mas, temos fé que essa letargia esteja com as horas contadas. Além da banda blogosférica que não condescende com as embusteirices tucanas, os caras-pintadas já se preparam para chamar a formosa governadora na chincha. Clique aqui para conferir.
E comece a cantarolar a musiquinha:
Yeda vai ganhar/ uma passagem pra sair desse lugar/ não é de trem, nem de navio, nem de avião/ é algemada/ no camburão!!!
terça-feira, 24 de março de 2009
TRABALHE DE GRAÇA PARA O SENADO VOCÊ TAMBÉM
segunda-feira, 23 de março de 2009
MUTRETAS & TAL...
Ao tentar explicar suas relações promíscuas com o Senado, jornalista-barrigueiro de O Globo enrola-se ainda mais
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A denúncia de que o afamado jornalista - e especialista em proeminências ventrais - Ricardo Noblat recebe um mensalinho do Senado Federal veio à tona no blog Os Amigos do Presidente Lula, sexta-feira última. Poucos minutos depois da primeira postagem, já era possível ler a "resposta" do blogueiro de O Globo às suspeitas levantadas contra ele.
Entre outras coisas, disse que ele deve ser "o único brasileiro que até hoje doou dinheiro ao Senado" - foram R$135.600 em bondades musicais, segundo cálculos do barrigueiro.
Causa-nos estranheza, no entanto, a insistência do blogueiro global em tentar convencer a platéia de que seu caridoso gesto tem, unicamente, motivação estética. De acordo com o que ele diz, "na época [1999], era medíocre a qualidade de produção da rádio Senado (sic)".
Noblat, então, movido por insopitável desejo de servir à Pátria e escorado em sua invejável e milionária coleção de CDs, passou a "produzir" o programa semanal Jazz & Tal, na Senado FM. Durante 10 anos - 10 anos!!! - o filantropo Ricardo José Delgado pagou de "seu bolso" para que os milhões de ouvintes da emissora pública tivessem o privilégio de deleitar-se com sua boa música. Levou uma década para que nosso mecenas tomasse providências para sair da clandestinidade radiofônica. Coisa mais normal, não é? Você pode acompanhar o desdobramento desta incrível história clicando aqui.
Você pode, também, saber um pouco mais da inatacável carreira de Noblat clicando aqui.
E ainda pode clicar aqui para ler o texto da Lei 9.610/98, que trata de direitos autorais.
Como todos sabemos, os CDs de música que compramos nas lojas especializadas trazem em seu corpo a seguinte advertência: "A reprodução, locação, execução pública e radioteledifusão deste disco estão proibidas".
Se Noblat usou os exemplares de sua coleção privada para inebriar os ouvidos dos brasileiros, no mínimo cometeu uma imprudência. E...será que o afamado blogueiro, de notório saber musical, lembrou-se de recolher as taxas do ECAD???
domingo, 22 de março de 2009
ONDE ANDARÁ ALBERTO DINES?
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A biografia do jornalista Alberto Dines merece o nosso maior respeito. Por tudo o que ele produziu em seus mais de 50 anos de carreira para transformar a Imprensa em algo digno, até mesmo este impertinente e desdenhoso Cloaca News tira o chapéu (se tiver tempo, veja aqui a gloriosa história do tarimbado profissional).
Nos últimos tempos, todavia, o fundador do indispensável Observatório da Imprensa tem andado meio esquisitão. Seus outrora combativos artigos em prol da liberdade de expressão e do decoro na atividade jornalística foram sendo sucedidos por libelos corporativistas. Pior: o veterano homem de imprensa abdicou de "observar" a dita cuja e passou a espezinhar o Presidente Lula, atribuindo ao governo federal as pechas de autoritário, censor, intimidador, et cetera. Por ocasião da "azia" presidencial, como exemplo, Dines foi expedito em seu Alka-Seltzer (releia aqui).
Estamos agora curiosos - e ansiosíssimos - para saber o que o macróbio dirá sobre a acintosa ameaça que o presidente do Supremo Tribunal Federal fez ao jornalista Altino Machado durante uma entrevista, em Rio Branco (AC). E estamos, também, impacientes para ver a fúria do Observador sobre a censura ordenada por Gilmar Mendes - e covardemente assentida pelo poltrão Michel Temer - na TV Câmara. Demorou, seu Alberto!
Ô, Dines, cadê você??? Fomos ao OI só pra te ler!!!
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ILUSTRAÇÃO: CARICATURA DE BIRA DANTAS