Em vida, o publicitário paulista Neil Ferreira cobriu-se de merecidas glórias, todas conquistadas pelo seu inegável talento criador. São dele, por exemplo, as antológicas campanhas do "orelhão que pede socorro", para a Telesp, e do Leão do Imposto de Renda. No jargão da propaganda, Neil é - ou foi - "redator". Significa que era ele quem "redigia" os textos e as sinopses dos filmes publicitários que, em seguida, seriam transformados pelos diretores de cinema em peças memoráveis e estatuetas em Cannes.
O tempo passou. Neil largou o glamour da propaganda e foi criar galináceos na bucólica e chique Granja Viana, arredores da capital paulista, onde vive. O ostracismo, porém, combinado com o contato diário com as titicas de seus garnisés, fez dele um sujeito amaro e de mal com a vida.
Virou, mexeu... e, eis que Neil Ferreira, qual aquela outra famosa ave mitológica, ressurgiu das cinzas, agora como "jornalista". Deu-lhe guarida ninguém menos que o Diário do Comércio, portentosa publicação de anúncios "legais", voltada para a nata do empresariado. A responsabilidade pela gazeta é da Associação Comercial de São Paulo, tradicional feudo pefelento, onde pontificam, entre outros, Guilherme Afif Domingos, Jorge Konder Bornhausen e até o atual prefeito paulistano Gilberto Kassab.
Pois, atualmente, o laureado Neil Ferreira assina nada menos que a coluna de Opinião do demojornalóide.
Ali, com invejável elegância, e com a experiência dos anos de estrada que a "redação publicitária" lhe proporcionou, Ferreira pode dar azo ao seu "inconformismo". A propósito: de sua mais recente "criação", publicada ontem, dragamos este imortal excerto:
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"Não podemos esquecer que a capital de Sumpólo, a maior cidade nordestina do mundo, deu Treze Sovas Consecutivas no Cara em eleições majoritárias. Aqui elle não ganha nem torneio de bocha no córintcha, vence levantamento de cálice no boteco da esquina e olhe lá".
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Convidamos você, querida leitora, querido leitor, a ler a íntegra do pensamento deste verdadeiro titã da imprensa paulista. Basta clicar aqui.
É bom saber, entretanto, que se você escrever alguma coisa para Neil Ferreira e ele não gostar, a resposta virá por meio de sua advogada, uma certa Juçara Zaramella.
Outro dia, um amigo nosso que interpelou o colunista recebeu o seguinte carteiraço eletrônico da causídica:
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"Na qualidade de advogada do Sr. Neil Ferreira informo que estou patrocinando a defesa do mesmo, buscando identificar, localizar e adotar as medidas legais cabíveis, objetivando a indenização por danos morais causados por quem utiliza-se da internet para ofender e denegrir a imagem alheia.
V. Sa. deveria informar-se para evitar ser, inclusive, processado pela prática de crime contra a honra."
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E não é que desse riscado a douta defensora do articulista entende? Veja aqui a encrenca federal em que a distinta rábula se meteu recentemente.
Por via das dúvidas, advertimos: o Sr. Ferreira ficará uma arara se for chamado de "imbecil", "idiota" ou "fascistóide". "Não perderá por esperar" aquele que o fizer, promete a bacharela da Lei.